nesta fase do ano, lá no meu trabalho, faz-se as inscrições das crianças que irão frequentar o ATL no próximo ano, e ao preencher a ficha de inscrição perguntamos o nome dos pais etc. outro dia, antes de sequer sonhar com esta crise da minha propria vida, deparei-me ao fazer uma dessas perguntas para a ficha da criança, com uma mãe embaraçada e com diciculdade em me responder que o pai da criança não era o marido. pois bem, por pouco preconceituosos que sejamos não conseguimos evitar pensar, já vai no segundo marido. o que não pensamos na verdade, e devíamos, é o quão dificil é para aquela mulher lutar com uma sociedade conservadora e preconceituosa. agora que me aproximo de sentir na pele esse preconceito fico com medo, não por mim, mas pela minha filha. conheci uma criança também lá do ATL cuja mãe era divorciada e normalmente o padrasto da menina é que a ia buscar. eu nunca sabia como me referir ao homem á frente da criança. até ao dia em que ela o tratou por pai. e aí é que vem a minha angustia. será que a minha filha vai passar por isso? enevitalvelmente. por muito que me custe, e custa muito podem crer, tenho de começar a pensar que um dia eu serei a mãe mas haverá outra mulher na vida do pai a quem ela poderá vir a chamar de mãe também. o que custa o dobro, porque já não bastava que alguém me retirasse o direito de viver o meu amor, também me vem tirar a exclusividade de ser mãe.
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