Hoje estou bastante anciosa. A Inês foi passar o dia com o pai. Acordei com uma dor de barriga (tipo quando vamos ao dentista), conheço-me é nervosismo. Ele veio buscá-la antes do almoço e depois vou buscá-la. Chamem-me tola, não é a primeira vez que ela fica sozinha com o pai, mas nunca nesta condição, e nunca com a nova mulher do pai. Se bem a conheço e por aquilo que ela tem feito ultimamente, sei que se ela vir algum movimento estranho entre o pai e a "miss segunda escolha" (como diria a Ana Leandro) ela vai logo impor o seu geniozinho. Outro dia, iamos os três pela rua, tinhamos ido á solicitadora, quando o pai viu uma colega com quem trabalhou e atravessou a rua para a cumprimentar. se vissem, ela franziu a testa, bateu pé e gritou com carinha de indignada: "oh pai, não é essa mãe, a mãe é esta!" juro-vos o meu ego de mãe atingiu o ponto máximo e eu senti-me tão orgulhosa daquela coisinha linda.
mas apensar disso, sei que ela tem so dois anos e pouco e acabará por se habituar a ver aquela mulher ao pé do pai tb. e isso é que me custa. quero pensar positivo, pensar que tem de ser, que é bom para ela estar com o pai tb, mas é inevitável sentir ciumes.
A verdade é que quando estou com ela, imagino as mil e quinhentas coisas que poderia fazer sem a inês: pintar sem ela querer misturar-me as cores todas, fazer bijus sem ela me espalhar as bolas todas no chão, ver aquele filme que ela nunca deixa por querer ver os bonecos que dão na mesma hora... mas agora que estou sozinha estou anciosa para que venha para casa e não consigo fazer nenhuma destas coisas.
como diria o outro: uma vez mãe, mãe para sempre!
nesta fase do ano, lá no meu trabalho, faz-se as inscrições das crianças que irão frequentar o ATL no próximo ano, e ao preencher a ficha de inscrição perguntamos o nome dos pais etc. outro dia, antes de sequer sonhar com esta crise da minha propria vida, deparei-me ao fazer uma dessas perguntas para a ficha da criança, com uma mãe embaraçada e com diciculdade em me responder que o pai da criança não era o marido. pois bem, por pouco preconceituosos que sejamos não conseguimos evitar pensar, já vai no segundo marido. o que não pensamos na verdade, e devíamos, é o quão dificil é para aquela mulher lutar com uma sociedade conservadora e preconceituosa. agora que me aproximo de sentir na pele esse preconceito fico com medo, não por mim, mas pela minha filha. conheci uma criança também lá do ATL cuja mãe era divorciada e normalmente o padrasto da menina é que a ia buscar. eu nunca sabia como me referir ao homem á frente da criança. até ao dia em que ela o tratou por pai. e aí é que vem a minha angustia. será que a minha filha vai passar por isso? enevitalvelmente. por muito que me custe, e custa muito podem crer, tenho de começar a pensar que um dia eu serei a mãe mas haverá outra mulher na vida do pai a quem ela poderá vir a chamar de mãe também. o que custa o dobro, porque já não bastava que alguém me retirasse o direito de viver o meu amor, também me vem tirar a exclusividade de ser mãe.
. vidas!!